O script até a faculdade está praticamente roteirizado. E depois?
Ao terminar a faculdade, a ideia é subir uma escadaria, degrau por degrau, rumo ao sucesso. Com suor e dedicação, traçando metas e objetivos. Afinal, você estudou todos esses anos e sabe exatamente o que quer e como fazer para alcançar isso, certo? Errado.
Ninguém fala que o início da carreira pode ser uma fase angustiante, de paralisia, ansiedade e depressão. A popular “síndrome do impostor” – o sentimento de ser uma fraude e subestimar as próprias capacidades - é também muito frequente neste período.
Na época em que vivemos, parece que para dar certo profissionalmente, basta querermos. Temos todo o potencial do mundo, e se não está dando certo, a culpa é do nosso mindset. Busca-se consertar comportamentos e reprogramar pensamentos. Mas será que todos podem alcançar as mesmas coisas? No tempo em que quiserem? Na realidade em que vivem? E... será que querem?
Tem coisas que só são possíveis de se desenvolver depois de muito tempo. Talvez tenham coisas que, por mais que a gente tente, não dê para conseguir. E tem coisa que não é pra gente mesmo e estamos forçando goela abaixo, sem se questionar o por quê.
Cada trajetória profissional é composta com suas peculiaridades e tem um ritmo próprio. Saber o que deve ser feito nem sempre basta. Tem coisas que levam tempo para serem realizadas, mesmo sabendo delas desde o início. Não dá para estar pronto quando queremos, nem conseguir tudo ao mesmo tempo. Isso se chama processo e todos deveriam olhar para o seu próprio, respeitando sua história, limites e forças.
Este processo – infelizmente ou felizmente - não é a simples trajetória entre o ponto A e o ponto B. A gente anda para frente, para os lados, para trás, fica parado, corre, tropeça e se levanta. Às vezes as trajetórias podem ser muito calculadas, com tentativas, erros e acertos, como manda o método científico. Outras, são feitas nos riscos, nos acasos e nos chutes.
É um desafio começar a ser um profissional. Se autorizar da falta de conhecimento e de experiência, para liberar espaço para adquiri-los. Aceitar que essa construção contínua é feita de muitos experimentos, dúvidas e raras certezas.
E que se formar, definitivamente, não é só receber um diploma.
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